Conversando sobre educação científica

Aqui nós, do Núcleo de Educação Científica - NECBio, da UnB, criamos um espaço para a troca de idéias sobre educação científica, divulgação da ciência e debates sobre o papel da ciência em nossas vidas. Esperamos que sirva de mapa para a rica mina da divulgação científica e para recursos voltados para ensino de ciências e biologia. Aproveite!


terça-feira, 6 de julho de 2010

Como medir a biodiversidade ?

Esse é um dos maiores desafios para quem trabalha com o tema. Primeiro, já é complicado saber o que se tem que medir, pois há inúmeras concepções de biodiversidade, algumas delas impossíveis de serem mensuradas. Tradicionalmente, se tem usado o número de espécies como um representante da biodiversidade local. Esse método, porém, deve ser calibrado continuamente pois há importantes distinções entre os grupos a serem medidos e o que se pode inferir dessas medidas. Além disso, em países como o Brasil, há, ainda, relativa carência de dados. A tabela abaixo ilustra o problema:
Biodiversidade conhecida e estimada no Brasil (Lewinsohn e Prado, 2006)
Para usar a riqueza de espécies como medida que representa a biodiversidade no Brasil, seria preciso ainda investir muito em estudos taxonômicos, mas outras possibilidades vem surgindo para lidar com tal carência. Entre elas, trabalhar com novos métodos, em novas fronteiras e com os grupos que são em geral considerados difíceis, sobre os quais temos pouco conhecimento. Um exemplo é o uso da técnica conhecida como código de barras de DNA. Este sistema de identificação pretende realizar a discriminação de todas as espécies vivas do planeta por meio da utilização de um pequeno fragmento padronizado de DNA. Para os animais, já foi escolhido um fragmento: uma região de um gene mitocondrial denominado de citocromo c Oxidase Subunidade I (COI). A técnica tem sido bem sucedida e promete bons resultados ( Azeredo- Espin, 2005). Outro exemplo é o trabalho em novas fronteiras como as profundezas dos oceanos e o dossel das árvores tropicais, onde inúmeras novas espécies são descobertas a cada expedição.

É preciso também investir nas relações entre a composição, a estrutura e a função da biodiversidade . Apesar do número de espécies funcionar como um bom indicador de biodiversidade, essa não pode ser resumida a uma lista, mesmo que gigantesca, de espécies.

"Texto de Nurit Bensusan, bióloga que divide seu tempo trabalhando com conservação da biodiversidade e refletindo sobre meio ambiente, ciência e tecnologia no blog "Nosso Planeta".
Bibliografia

Lewinsohn, Thomas M. e Paulo I. Prado, 2006. Avaliação do Conhecimento da Biodiversidade Brasileira. Ministério do Meio Ambiente – MMA, Brasília.

Azeredo- Espin, A.M.L.2005. O Código de Barras da Vida baseado no DNA “Barcoding of Life”: Considerações e Perspectivas. In: www.cria.org.br/cgee/documentos/DNAbarcoding_2005.doc, acessado em 05/05/2009.

Textos para download

Matrizes, redes e ordenações: a detecção de estrutura em comunidades interativas. Thomas M. Lewinsohn, Rafael D. Loyola e Paulo Inácio Prado, 2006.

O Código de Barras da Vida baseado no DNA “Barcoding of Life”: Considerações e Perspectivas. Ana Maria Lima de Azeredo- Espin, 2005.

Links interessantes

Site do Consórcio do Código de Barras da Vida
Global Taxonomic Initiative
Centro de Referência em Informação Ambiental

Livros interessantes

Lewinsohn, T. M. e P. I. Prado. 2002. Biodiversidade Brasileira: Síntese do estado atual do conhecimento. Ministério do Meio Ambiente- Conservation International do Brasil. Ed. Contexto.

Gaston, K.J. (ed.) 1996. Biodiversity: A biology of numbers and difference. Blackwell Science Ltd., Oxford.

Maclaurin, J. & K. Sterelny. 2008. What is biodiversity? The University of Chicago Press, Chicago.

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